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segunda-feira, 28 de março de 2011

Hilda Hilst (1930 – 2004)



"Penso linhos e ungüentos
Para o coração machucado de Tempo.
Penso bilhas e pátios
Pela comoção de contemplá-los.
(E de te ver ali
À luz da geometria de teus atos)
Penso-te
Pensando-me em agonia. E não estou.
Estou apenas densa
Recolhendo aroma, passo
O refulgente de ti que me restou."


                                            Hilda Hilst


Hilda Hilst nasceu na cidade de Jaú, interior do Estado de São Paulo, no dia 21 de abril de 1930, filha única do fazendeiro, jornalista, poeta e ensaísta Apolônio de Almeida Prado Hilst e de Bedecilda Vaz Cardoso. Com pouco tempo de vida, seus pais se separaram, o que motivou sua mudança, com a mãe, para a cidade de Santos. Seu pai, que sofria de esquizofrenia, foi internado num sanatório em Campinas, tendo nessa época 35 anos de idade. Até sua morte passou longos períodos em sanatórios para doentes mentais.
Foi para o colégio interno, Santa Marcelina, na cidade de São Paulo, em 1937, onde estudou por oito anos. No ano de 1945 matricula-se no curso clássico da Escola Mackenzie, também naquela cidade. Morava, nessa época, num apartamento na Alameda Santos, com uma governanta de nome Marta.
Em 1946, pela primeira vez, visitou o pai em sua fazenda em sua cidade natal, Jaú.   Em apenas três dias, no pouco tempo que passou com ele, perturbou-se com sua loucura. Em "Carta ao Pai" diz a biografada:
"Só três noites de amor, só três noites de amor", implorava o pai, sim, o pai, ele nunca fizera uma coisa como essa, sim, era Jaú, interior de São Paulo, um dia qualquer de 1946, sim, a filha deslumbrante, tremendo em seus 16 anos, sim, o pai a confundia com a mãe, a mão dele fechada sobre a dela, sim, o pai a confundia com a mãe.
Por imposição da mãe, internada no mesmo sanatório em Campinas onde estivera seu pai, casa-se com Dante Casarini, em 1968. Escreve as peças "O visitante", "Auto da barca de Camiri", "O novo sistema" e "As aves da noite". "O visitante" e "O rato no muro" são encenadas no Teatro Anchieta, em São Paulo, para exame dos alunos da Escola de Arte Dramática, sob direção de Terezinha Aguiar. 
Em 1969 escreve "O verdugo" e "A morte do patriarca". A primeira recebe o Prêmio Anchieta. 
A peça "O novo sistema" é encenada em São Paulo, no Teatro Veredas, pelos Grupo Experimental Mauá (Gema), sob a direção de Terezinha Aguiar. Baseando-se nos experimentos do pesquisador sueco Friedrich Juergenson relatados no livro "Telefone para o além", Hilda Hilst iria se dedicar, ao longo desta década que se iniciava, à gravação, através de ondas radiofônicas, de vozes que, assegurava, seriam de pessoas mortas. No mesmo período anunciou a visita de discos voadores à sua fazenda.
Poeta, dramaturga e ficcionista, Hilda Hilst escreveu há quase cinqüenta anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do país. Alguns de seus textos foram traduzidos para o francês, inglês, italiano e alemão.
Hilda Hilst faleceu em Campinas no dia 4 de Fevereiro de 2004.


Autoria para o Teatro



● 1967 – A Promessa
● 1967 – O Rato no muro
● 1968 – O Visitante
● 1968 – O auto da barca de Camiri
● 1968 – O novo Sistema
● 1968 – Aves da Noite
● 1969 – O Verdugo
● 1969 – A morte de Patriarca


"Colada à tua boca a minha desordem.
O meu vasto querer.
O incompossível se fazendo ordem.
Colada à tua boca, mas descomedida
Árdua
Construtor de ilusões examino-te sôfrega
Como se fosses morrer colado à minha boca.
Como se fosse nascer
E tu fosses o dia magnânimo
Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer."

                                                                        Hilda Hilst



Referências: Releituras.com/ Hilda Hilst
                   http://www.angelfire.com/ri/casadosol/hhilst.html

Teatro do centro da terra (2001)

Platéia


O Teatro do Centro da Terra, situa-se a doze metros abaixo da superfície terrestre. Foi inaugurado no dia 3 de setembro de 2001, após dez anos de obras e escavações no quarto e quinto subsolos de um edifício, no bairro do Sumaré. Seu nome vem da sua localização subterrânea e é, também, uma homenagem ao espetáculo Viagem ao Centro da Terra realizado, em 1992, pela Kompanhia Teatro Multimidia de São Paulo.
Além da sala de apresentações equipada para atender um público de cem pessoas, o Centro da Terra ocupa os quatro andares superiores do edifício com salas de ensaios e atividades diversas dos seus núcleos de pesquisa (interpretação, dramaturgia e montagem). Desenvolve, também, crescente atividade didática.

Escavação




Sem Poltronas
























Fonte: Site Teatro do Centro da Terra

Kompanhia do Centro da Terra (1989)

Crédito: Joo Caldas/ Hilda Hilst

Em 1989 é fundada a Kompanhia de centro da terra, sob o nome Kompanhia Teatro Multimídia de São Paulo.
Ainda no mesmo ano produz a peça 525 LINHAS de Marcelo Rubens Paiva. Direção de Ricardo Karman, com os atores Francisco Carvalho, Yunes Chami, Lulú Pavarin, Luis Bachielli e Ana Ferreira, entre outros. Otávio Donasci ganhou o prêmio Lei Sarney de Multimídia por sua participação especial na peça com o projeto Video-Vivo. A partir deste trabalho formou-se a dupla Karman e Donasci. Este espetáculo foi um dos precursores na utilização cênica dos novos suportes multimídia, em São Paulo.Participação em 1990 da 21ª Bienal de São Paulo com o projeto internacional REFLUX–ARTE E TELECOMUNICAÇÃO do artista multimídia Artur Matuck. Neste caso a experiência era a comunicação mediada inter-humanos entre cinco pontos do planeta e a transmissão de imagens por computadores pela antiga Bitnet uma espécie de avó da internet atual. As mídias foram: computador, video-phone e, o então recém-chegado, fax.

Espetáculos

● 1989 – 525 linhas
● 1990 – O Santo e a Porca
● 1992 – Viagem ao centro da terra (1º Expedição Experimental Multimídia)
● 1995 – A Grande viagem de Merlin (2º Expedição Experimental Multimídia)
● 1996 – A Grande viagem de Marathon
● 1997 – Em busca da Fonti da Fortuna.
● 2000 – Remontagem do espetáculo o Santo e a Porca.
● 2001 – Remontagem do espetáculo Viagem ao centro da terra.
● 2005 – O Ilha do Tesouro
● 2005 – Hidro-video-instalação SOBRE-VIVENTES
● 2006 – Instalação Penetrável Corpo D’água
● 2007 – O Kronoscópio
● 2007 – Instalação aero-cinética Pneuma
● 2009 – Aguáh – O espírito das águas
● 2009 – Hild Hillst, O espírito da coisa
● 2010 - Teatrokê


O que é Expedição Experimentação Multimídia?

Produções utilizando experimentações multimidia em espetáculos. Um exemplo dessa experimentação é o espetáculo chamado A Grande Viagem de Merlin, com um percurso de 130 km entre São Paulo e Jundiaí, e duração de 5 horas. Este espetáculo envolveu a participação de 40 atores, uma carreta multimídia (veículo especialmente adaptado em que o público era transportado), um ônibus, 3 carros e uma ambulância de apoio. As cenas aconteciam em vários espaços: numa agência de turismo fictícia instalada na Av. Sumaré, na carreta multimídia, no Aterro Sanitário dos Bandeirantes, no Teatro Politheama em Jundiaí e a beira de uma Lagoa na serra do Japi, também em Jundiaí.

Sobre o espetáculo Hilda Hilst, o espírito da coisa

Hilda Hilst, escritora ímpar de lúcida irreverência, humor e crítica impiedosa das agruras humanas e sua comiseração pela fragilidade e desatinos próprios da espécie. A partir de sua obra — prosa, poesia e dramaturgia — e entrevistas, é levada ao palco a voz da poetiza, pensadora e contadora de histórias. O espetáculo é um mergulho nas inquietações da alma humana e nos universos físico, psíquico, erótico, metafísico, religioso e filosófico. 


Fonte: Site da Kompanhia Centro da Terra
            SESI Santo André

quarta-feira, 23 de março de 2011

Centro Teatral e Etc e Tal (1993)

Crédito: Gabriel Ricardo - (Maior Menor Espetáculo da Terra)

Formado pelos atores Marcio Moura, Melissa Teles-Lôbo e Alvaro Assad, que dirige os espetáculos, o Centro Teatral e Etc e Tal se caracteriza pela técnica da mímica. Ele cria seus próprios textos na pesquisa de junção entre a precisão gestual e o humor da comédia popular.
Fundado no Rio de Janeiro, em 1993 pelo ator e mímico Alvaro Assad, que inicia sua carreira como assistente de direção de Luís de Lima, o Centro se dedica à 'pantomima literária', que conjuga mímica e narração. Os primeiros espetáculos, concebidos e dirigidos por Assad, são Enrola e Desenrola, 1993; Palavras do Silêncio, 1994; e Festival de Pantomima Literária, 1995, apresentados em eventos literários e teatrais.

Espetáculos

● 1993 - Rio de Janeiro RJ - Enrola e Desenrola 
● 1994 - Rio de Janeiro RJ - Palavras do Silêncio 
● 1995 - Rio de Janeiro RJ - Festival de Pantomima Literária 
● 1998 - Rio de Janeiro RJ - João Mata 7 
● 1999 - Curitiba PR - Fulano e Sicrano 
● 2001 - Rio de Janeiro RJ - Victor James 
● 2002 - Rio de Janeiro RJ - O Macaco e a Boneca de Piche 
● 2004 - Rio de Janeiro RJ - No Buraco 
● 2006 - Rio de Janeiro RJ - ¿Branca de Neve? 
● 2011 - 2011 - São Paulo SP - Draguinho - Diferente de Todos, Parecido com Ninguém (2011 : São Paulo, SP)


Espetáculo da Foto - O Maior Menor Espetáculo da Terra


O mais novo espetáculo desse trio, que utiliza mímica, manipulação de objetos e ainda aborda o universo circense, mais precisamente o universo do circo de pulgas, isso mesmo, Pulgas! Apesar de este estilo de arte ter caído em desuso no decorrer dos séculos, ele ainda pode encantar a quem assiste e quem acredita que a arte do palco pode acontecer. Honestamente apesar deles não utilizarem pulgas nenhuma, a mímica e a manipulação de objetos que esse grupo faz é tão sincronizada, que eles nos fazem acreditar que realmente ali existe as pulgas que eles tanto mencionam. Vale apena conferir, quem tiver a oportunidade vai gostar!!!


Fonte: Itaú Cultural

segunda-feira, 7 de março de 2011

Teatro Popular União e Olho Vivo (1973)

Voltemos um pouquinho no tempo. Atendendo já a pedidos de minha querida amiga Senhorita Kill, vulgo Queila com Q, isso mesmo com Q, taí um pouco do Teatro Poular União e Olho Vivo.


Grupo independente dedicado à arte popular e à produção de espetáculos para circuito de periferia; nasce no ambiente universitário e agrega grande número de participantes originários das classes populares.
Formado como Teatro do Onze, no Centro Acadêmico 11 de Agosto da Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo, USP, em 1970, com a encenação de O Evangelho Segundo Zebedeu, direção de Silnei Siqueira para um musical de César Vieira -  seu principal líder desde então -, utiliza um circo montado no Parque Ibirapuera nas suas apresentações. Remanescentes dessa primeira experiência fundem-se com outros, originários do Grupo Casarão, para a montagem seguinte, Rei Momo, espetáculo concebido como desfile de escola de samba, em 1973. O afastamento da instituição universitária e a denominação União e Olho Vivo ocorrem nesse período e marca a itinerância como seu perfil mais proeminente. Entre os mais antigos participantes estão César Vieira (Idibal Almeida Pivetta, advogado), Neriney Evaristo Moreira, José Maria Giroldo e Ana Lúcia Silva. Na época, dezenas de integrantes já circularam pelo grupo e não é raro integrarem à trupe espectadores mais empolgados que decidem acompanhá-la.
Em 1978, lançam Bumba Meu Queixada, novo texto supervisionado por César Vieira estruturado sobre folguedo do boi-bumbá que tem a greve como tema. Somente em 1984 surge Morte aos Brancos - A Lenda de Sepé Tiaraju, ambientado nas Missões e enfocando o massacre dos índios guarani em episódio histórico de resistência cultural. Barbosinha Futebó Crubi - Uma História de Adonirans desenvolve-se em torno do futebol e do ambiente musical do compositor Adoniran Barbosa, lançado em 1991. Um novo trabalho, em 1996, Us Juãos e Os Magalis desenrola-se em torno de uma revolta popular ocorrida na Bahia no período da colonização. Em 2000 estréia A Revolta da Chibata, que destaca o negro João Cândido como herói popular.
Além do teatro, o União e Olho Vivo dedica-se à música, com diversos shows no seu repertório. Percorre, na sua longa existência, um sem-número de locais na periferia de São Paulo e em municípios próximos; apresenta-se em locais como sindicatos, salões paroquiais, quadras de escolas de samba, escolas, praças públicas e outros. Muitas viagens para o exterior e participações em festivais tornam a iniciativa conhecida, quer na Europa, quer na América Latina, amealhando prêmios e distinções.
Ao avaliar a situação do grupo, o crítico Oswaldo Mendes assinala: "Das experiências que vem sendo realizadas de um teatro de periferia (urbana e econômica) uma das mais significativas é a do Teatro União e Olho Vivo. Um grupo que se disponha a fazer teatro popular precisa carregar a crença no trabalho em si, com todas as dificuldades de se manter à margem ou apesar dos auxílios e colaborações que recebe. (...) E sua importância está no quase anonimato com que presta um dos serviços mais urgentes não apenas para o teatro mas para toda nossa periferia urbana e econômica, propositadamente marginalizada do processo cultural”.
Com freqüência recorrendo ao folclore para ambientar enredos, o grupo procura evidenciar um foco de conflito entre o povo e elites governantes, com a marcação de contrapontos e a sugestão de organização popular como alternativa de sobrevivência. Desenvolve técnicas de criação coletiva (aqui chamadas de trabalho coletivo), cria uma estética própria e de assegurada comunicação com suas platéias.
O crítico Jefferson Del Rios destaca a segurança artística do conjunto: "O grupo União e Olho Vivo, ao longo de uma década, depurou seus meios expressivos, descobriu soluções práticas para um teatro materialmente pobre. O resultado é visível na comunicação imediata com a platéia. Todos os encantos circenses-teatrais estão presentes: cores, roupas, truques; e a eles se acrescenta a visão crítica da sociedade. A sutileza na discussão de igual para igual com o espectador. O Teatro União e Olho Vivo faz intervenção artística e política amadurecida, bonita e comovedora”.

Espetáculos

● 1967 - São Paulo SP - Corinthians, Meu Amor
● 1973 - São Paulo SP - O Evangelho Segundo Zebedeu
● 1973 - São Paulo SP - Rei Momo
● 1978 - São Paulo SP - Bumba, Meu Queixada
● 1981 - São Paulo SP - América, Nossa América
● 1984 - São Paulo SP - Morte aos Brancos - A Lenda de Sepé Tiaraju
● 1991 - São Paulo SP - Barbosinha Futebó Crubi - Uma História de Adonirans
● 1996 - São Paulo SP - Os Juãos e Us Magalís - Uma Chegança de Marujos
● 1999 - São Paulo SP - O IPTU que Apita
● 2000 - São Paulo SP - Brasil Quinhentão!??
● 2001 - São Paulo SP - João Cândido do Brasil - A Revolta da Chibata





Fonte: Itaú Cultural

Luís Alberto de Abreu (1952)

Luís Alberto de Abreu (São Bernardo do Campo SP 1952). Dramaturgo. Dotado de grande inventividade, transita com desenvoltura entre temas, estilos e proposições cênicas, representante da tendência de escrever em colaboração junto a grupos e encenadores .
Após formar-se em jornalismo, Luís inicia-se no teatro na região do ABC paulista, integrando grupos amadores. Seu primeiro texto, lançado em circuito profissional é Foi Bom, Meu Bem?, direção de Ewerton de Castro para o Grupo de Teatro Mambembe, em 1980. O mesmo conjunto encena, no ano seguinte, Cala Boca já Morreu, com direção de Ednaldo Freire. Já aqui se exprime um traço de sua personalidade criadora: a criação coletiva, escrevendo próximo às opiniões, sugestões ou discussões com as equipes. Em 1982, com Bella Ciao, texto sobre a saga da imigração italiana e o movimento anarquista no Brasil, com encenação de Roberto Vignati, Abreu atinge a maturidade no domínio expressivo, amplamente reconhecido pela crítica. Em Círculo de Cristal envereda por um diálogo intimista entre duas mulheres; e com Sai da Frente que Atrás Vem Gente, direção de Mário Masetti, realiza um musical satírico.
Em 1985, Osmar Rodrigues Cruz encomenda-lhe O Rei do Riso, musical que recebe grande produção no Teatro Popular do Sesi, TPS, centrado sobre a vida do ator Vasques. Escreve, a seguir, Lima Barreto, ao Terceiro Dia, uma de suas mais sólidas criações, fundindo os planos da memória, do passado e da ficção ao abordar a vida e a obra do discutido escritor modernista. A complexidade estilística da peça faz com que ela só chegue aos palcos dez anos depois, numa encenação de Aderbal Freire Filho, efetivada em 1995.
Convidado a ser dramaturgo residente do Centro de Pesquisa Teatral, CPT, Abreu ali escreve dois textos: Rosa de Cabriúna, em 1986, dirigido por Márcio Medina, abordando temas e personagens nordestinos, e Xica da Silva, encenado por Antunes Filho em 1988, ambos em espetáculos não inteiramente bem-sucedidos. Em 1990 produz uma ambiciosa versão tropical da Divina Comédia, denominada A Guerra Santa. A encenação barroca de Gabriel Villela, destacando Beatriz Segall como protagonista, estréia em 1993 no London International Festival of Theatre, LIFT. Em 1992, escreve O Rei do Brasil, livre invenção de mitos e figuras da história paulistana, irreverente contraste com os tempos contemporâneos.
Com Ednaldo Freire e a Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes, o dramaturgo participa de um sólido projeto de comédias, primariamente destinado a um circuito de trabalhadores e sindicatos, mas que encontra, nos teatros comerciais, ampla receptividade. Pesquisando as raízes da comicidade brasileira, desde Martins Pena a Artur Azevedo, com aportes na commedia dell'arte e Mikhail Bakthin, Abreu elabora textos dotados de alta comunicabilidade: Ladrão de Mulher, 1987; O Parturião, 1995; O Anel de Magalão, 1995; Burundanga ou A Revolução do Baixo Ventre, 1996; Iepe, 1998; Till Eulenspiegel, 1999; e Nau dos Loucos, 2000; as três últimas aproveitando lendas européias.
Em 1995 empreende, juntamente com o Teatro da Vertigem de Antônio Araújo, uma adaptação cênica para o episódio bíblico do O Livro de Jó. A montagem, realizada num hospital, transmite toda a dor e angústia do homem contemporâneo frente às pestes que não consegue controlar, sucumbido a um poder maior. Saudada no Brasil e no exterior, a montagem consagra definitivamente o autor.
Para o grupo Zabelê, produz Bar, Doce Bar, em 1996, reunião de um grupo de amigos de diferentes idades que refletem sobre suas relações com as mulheres, atingindo ótimos resultados.
Em 2002 surge nova dobradinha do dramaturgo com o diretor Ednaldo Freire. Para a Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes escreve Auto da Paixão e da Alegria, texto que reconta a universal história da morte e ressurreição de Cristo sob a perspectiva da cultura popular, espetáculo de grande repercussão. No mesmo ano, encena A Nau dos Loucos - Stultífera Navis, sobre o barco que, no Renascimento, recolhe os loucos das aldeias, mantendo-os trancafiados e à deriva, com o objetivo de "purificá-los”.
Em 2003 faz a dramaturgia para o diretor Luis Carlos Vasconcellos em Porti-Nari: A Ópera, uma incursão na infância do famoso pintor, e escreve, especialmente para o ator Antonio Petrin, Merlin, uma releitura do mito, com direção de Roberto Lage.
Alguns inéditos e textos mais circunstanciais completam o rol das criações de Luís Alberto de Abreu até o momento, dentro de uma produção constante que o destaca como um dos mais expressivos artistas de sua geração.
Luis Alberto de Abreu é também um difusor do ensino e sistematização da dramaturgia, tendo sido um dos idealizadores da Escola Livre de Teatro de Santo André, em 1991, no qual segue como um dos professores, coordenando o núcleo de dramaturgia. Também colabora em cinema, é co-autor do roteiro de Kenoma, 1998, com a diretora Eliane Caffé, dupla que retorna em Os Narradores de Javé, 2004.
Para o crítico Alberto Guzik: "Luís Alberto de Abreu é dos poucos dramaturgos que têm resistido ao esmagador predomínio do visual no teatro. Produz um teatro crítico, apoiado no racionalismo, onde as idéias levam a melhor sobre as formas. E, apesar dessa opção pouco 'moderna', tem sido encenado com mais freqüência que a maioria de seus colegas. Rei do Brasil, como todos os outros textos de Abreu, resultou de um longo processo de elaboração e pesquisa. Situações e personagens tem um vigor que falta a outros dramaturgos da geração anterior do escritor”.

Autoria

● 1987  - Ladrão de Mulher
● 1988  - Xica da Silva
● 1990  - O Homem Imortal
● 1992  - O Rei do Brasil
● 1992 – Grande Sertão
● 2004  - Eh, Turtuvia!
● 2004  - Till Eulenspiegel
● 2006  - Memória das Coisas
● 2007 – Západ – A tragédia do poder
● 2007 – Lúdico circo da memória




Fonte: Itaú Cultural

Teatro da Conspiração (2000)

O Teatro da Conspiração de Santo André, desde a sua fundação em 2000, vem privilegiando a pesquisa de uma dramaturgia própria e o trabalho do ator. Já montou 3 espetáculos adultos e 1 infantil, além de desenvolver um trabalho voluntário no Parque Escola em Santo André, onde já foram montadas 2 peças de Shakespeare com oficinandos.


Espetáculos 

● 2000 - Partida
● 2001 - Geração 80
● 2004 - Sonhos de uma noite de Verão
● 2005 – As aventuras do Gigante Prometeu
● 2006 - TITO
● Romeu & Julieta
● Contos Periféricos

Fernanda Montenegro (1929)

Arlette Pinheiro Esteves da Silva (Rio de Janeiro RJ 1929). Atriz. Uma das fundadoras do Teatro dos Sete, Fernanda Montenegro marca suas personagens com a sinceridade e o vigor que a tornam uma personalidade destacada na sociedade brasileira, conferindo-lhe o título de primeira-dama do teatro .
Começa a carreira no rádio, aos 16 anos. No teatro, sua primeira experiência é em uma produção de Esther Leão, onde conhece Fernando Torres, seu futuro sócio e marido. Em 1952, ingressa na companhia de Henriette Morineau, Os Artistas Unidos. Em 1954, estréia no Teatro Maria Della Costa - TMDC, atuando em O Canto da Cotovia, de Jean Anouilh, um dos espetáculos mais importantes da companhia, com direção de Gianni Ratto. Permanece no TMDC por dois anos e tem seu primeiro papel de destaque, em 1955, interpretando Lucília em A Moratória, de Jorge Andrade, que lhe vale o Prêmio Saci e a promove ao estrelato. Em 1956, estréia no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, em Divórcio para Três, de Victorien Sardou, dirigida por Ziembinski, onde permanece até 1958, sendo premiada por dois trabalhos: com Nossa Vida com Papai, de Howard Lindsay e Rusel Crouse, 1956, a atriz se revela em plena maturidade artística e seu desempenho, que na opinião dos críticos faz valer o espetáculo, lhe confere o prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais - APCT; com a interpretação sincera e vigorosa de Vestir os Nus, de Luigi Pirandello, 1958, recebe o Prêmio Governador de Estado de São Paulo, e, novamente, o APCT. Diferente dos chamados "monstros sagrados" do teatro, Fernanda Montenegro assimila desde cedo a verticalidade do teatro, na figura do encenador: "... Eu vi que não era só dizer a frase com sujeito, verbo e predicado. Aquilo tinha uma imantação e cada período daqueles estava inserido numa cena, que tinha um batimento, que se unia a outra cena... E assim tinha um resultado não só artístico, mas social, político, existencial. Isso tudo dentro de uma visão estética do espetáculo que correspondesse a uma unidade cênica".
Funda o Teatro dos Sete, com Fernando Torres, Sergio Britto, Ítalo Rossi e Gianni Ratto, onde participa de todos os espetáculos até a dissolução da companhia, em 1965. Nesse período é três vezes premiada: pela interpretação em O Mambembe, de Artur Azevedo e José Piza, dirigido por Gianni Ratto, 1959, recebe o Prêmio Padre Ventura do Círculo Independente de Críticos de Arte; por Mary, Mary, de Jean Kerr, direção de Adolfo Celi, em 1963, é premiada pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais - ABCT; e por Mirandolina, de Carlo Goldoni, em 1964, recebe o Troféu Governador do Estado de São Paulo.
 Pela simplicidade, trabalhada e consciente, Fernanda Montenegro resiste ao papel de mito em que é rematadamente colocada e, nos momentos de homenagem, sempre obriga a audiência a se lembrar dos colegas de sua classe. Ao tentar definir seu estilo, os redatores não resistem a ampliar o olhar para mirar a pessoa e a cidadã. Como Caetano Veloso para o prefácio de sua biografia: "Há artistas que nos abalam com a potência do seu gênio; muitos, na tentativa desesperada de salvar o mundo, dele se afastam, às vezes virando as coisas à própria arte, à vida mesmo. Fernanda, artista de gênio, em nenhum dos três itens foge ao centro: no meio do mundo, no meio da arte, no meio da vida. É assim que a vejo, ela mesma pouco a pouco entendendo seu próprio destino. Esse destino que confere ao seu trabalho uma dimensão que transcende a evidente excelência: suas criações (...) descobrem (inventam) o sentido do nosso modo de ser; nos fundam, nos filtram, nos projetam. E nos acenam com enormes tarefas. (...) Em cena, ela estende um pano sobre a mesa, em silêncio, e tudo está dito sobre a mulher, a elegância, a condição humana e o teatro. De costas para a platéia, sua pele muito branca irradia uma intensa onda sensual, feita de fragilidade e firmeza, coragem e recato".

Algumas Interpreações

● 1950 - Rio de Janeiro RJ  -  Alegres Canções nas Montanhas
● 1952 - Rio de Janeiro RJ  -  Jezebel
● 1952 - Rio de Janeiro RJ  -  A Cegonha se Diverte...
● 1952 - Rio de Janeiro RJ  -  Está Lá Fora um Inspetor
● 1952 - Rio de Janeiro RJ  -  Loucuras do Imperador
● 1953 - Rio de Janeiro RJ  -  Mulheres Feias
● 1953 - Rio de Janeiro RJ  -  Daqui Não Saio

● 1961 - Rio de Janeiro RJ  -  O Velho Ciumento
● 1961 - Rio de Janeiro RJ  -  Apague Meu Spotlight
● 1962 - Rio de Janeiro RJ  -  O Homem, a Besta e a Virtude
● 1963 - Rio de Janeiro RJ  -  Mary, Mary
● 1964 - Rio de Janeiro RJ  -  Mirandolina

● 1980 - Rio de Janeiro RJ  -  Assunto de Família
● 1982 - Rio de Janeiro RJ  -  As Lágrimas Amargas de Petra von Kant
● 1982 - Rio de Janeiro RJ  -  Plaza Suíte

● 1998 - Rio de Janeiro RJ  -  Da Gaivota
● 2001 - Rio de Janeiro RJ  -  Alta Sociedade
● 2009 - São Gonçalo RJ  -  Viver sem Tempos Mortos





Fonte: Itaú Cultural

Cacá Carvalho (1953)

Carlos Augusto Carvalho Pereira (Belém PA 1953). Ator e diretor. Intérprete com uma linha de trabalho muito própria e coerente, que lhe permite transitar tanto nas manifestações artísticas experimentais, como também no teatro tradicional.
Inicia suas atividades teatrais junto à Universidade de Belém do Pará, entre 1968 e 1969, participando dos grupos Teatro Experiência e Barca da Cultura da Amazônia. Em São Paulo faz dois anos de formação no Piccolo Teatro. Novamente em Belém, com Aderbal Freire Filho (Aderbal Júnior), participa de um espetáculo com textos de Qorpo Santo.
Em 1976, na capital paulista participa de uma produção de Morte e Vida Severina, no Teatro Popular do Sesi, TPS, até integrar o grupo de pesquisa selecionado por Antunes Filho para encenar Macunaíma, em 1978. Reconhecido como brilhante revelação de intérprete, se mantém no papel título até desligar-se do grupo em Nuremberg, 1980, onde estagia com Arianne Mnouchkine.
Ao voltar ao Brasil decide abandonar o teatro e torna-se artesão, no Embu. Em 1982, volta aos palcos, sob a direção de Paulo Yutaka, para a realização de Teatro Maluco de Zé Fidelis, baseado em crônicas do humorista paulistano. No mesmo ano, com direção de Juca de Oliveira, atua em Otelo, de William Shakespeare. Participa de A Ley de Linch, de Walter Quaglia, ao lado de Cleyde Yáconis, e integra o elenco de Hamlet, de William Shakespeare, direção de Marcio Aurelio, ambas em 1984.
Em 1986 protagoniza Meu Tio, o Iauaretê, espetáculo dirigido por Roberto Lage, inspirado no conto de Guimarães Rosa, que projeta o trabalho de Cacá Carvalho como intérprete. Na opinião do crítico Alberto Guzik a criação do artista no espetáculo revela que "o ator se entregou à composição de Berô com minúcia e paixão. Sua criação apóia-se menos no desempenho físico que na captura do universo sonoro do homem-onça. Desfia com voz sedutora os causos que na longa noite das Gerais dão conta de seu crescente desgosto dos homens e amor pelas onças. São momentos extraordinários de Carlos Augusto: a beatitude com que descreve o processo de raciocínio de um felino satisfeito, a lírica evocação do amor quase carnal de Berô pela onça Maria-Maria, a ferocidade com que o onceiro possuído pelo espírito do animal, investe contra a família desamparada de um vizinho, chacinando mulheres e crianças".
O sucesso da realização leva-o a apresentar-se no Centro per la Sperimentazioni e la Ricerca Teatrale, Pontedera, Itália, onde é assistido por Grotowski. A partir de então, torna-se colaborador do Centro como ator, pedagogo ou assistente de direção. Em 1988, se apresenta no Festival de Volterra com Inútil Canto, Inutil Pranto Pelos Anjos Caídos, de Plínio Marcos, renomeado para 25 Homens, sob a direção de François Kanh.
Realiza duas direções para a Escola Livre de Santo André: O Alienista, de Machado Assis, 1991 e Grande Sertão, adaptação de Luís Alberto de Abreu do romance de Guimarães Rosa, 1992.
Numa encenação de Roberto Bacci atua em O Homem de Flor na Boca, de Luigi Pirandello, 1994, com o qual realiza uma excursão internacional.
Em 1996, sob a direção de Moacir Chaves, interpreta o Sganarello de Don Juan, ao lado de Edson Celulari, outra oportunidade de reconhecimento. Alterna, a partir de então, atividades ligadas à formação de atores, cursos, espetáculos de formatura, no Brasil e na Itália.
Em 1999, está novamente ao lado de Edson Celulari, com quem alterna os papéis principais em Fim de Jogo, de Samuel Beckett, numa concepção de Francisco Medeiros. No mesmo ano, dirige Partido, baseado em texto de Ítalo Calvino, para o Grupo Galpão, de Belo Horizonte, com quem atua no espetáculo seguinte, Um Trem Chamado Desejo, de Luís Alberto de Abreu, numa direção de Chico Pelúcio. Em 2003, volta a chamar atenção com um monólogo de Luigi Pirandello, A Poltrona Escura, novamente dirigido por Roberto Bacci.


Interpretações


● 1969 - Belém PA  -  Os Sete Gatinhos
● 1973 - São Paulo SP  -  O Apolo de Belac
● 1973 - Belém PA  -  Guerra e Paz
● 1973 - São Paulo SP  -  A Farsa do Advogado Patelin
● 1976 - São Paulo SP  -  Morte e Vida Severina
● 1978 - São Paulo SP  -  Macunaíma
● 1982 - São Paulo SP  -  Teatro Maluco de Zé Fidelis
● 1982 - São Paulo SP  -  Otelo
● 1983 - São Paulo SP  -  O Percevejo
● 1984 - São Paulo SP  -  A Lei de Lynch
● 1984 - São Paulo SP  -  Hamlet
● 1986 - São Paulo SP  -  Divina Encrenca
● 1986 - São Paulo SP  -  Meu Tio, o Iauaretê
● 1988 - Volterra (Itália)  -  25 Homens
● 1994 - Pontedera (Itália)  -  O Homem de Flor na Boca
● 1995 - (Itália)  -  Agilulfo
● 1997 - Rio de Janeiro RJ  -  Don Juan
● 1999 - Rio de Janeiro RJ  -  Fim de Jogo
● 2000 - Belo Horizonte MG  -  Um Trem Chamado Desejo
● 2003 - São Paulo SP  -  A Poltrona Escura




Fonte: Itaú Cultural