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domingo, 6 de março de 2011

Teatro Oficina



Fundado em 1958 por um grupo de alunos da Escola de Direito do Lago de São Francisco, sendo um deles José Celso Martinez Corrêa, hoje o principal diretor do Oficina e responsável pela formação de centenas de atores, como Etty Fraser, Maria Alice Vergueiro do Tapa na pantera Leona Cavalli, entre outros, ao longo de suas décadas de existência.
O Teatro Oficina distinguiu-se por ter absorvido, na década de 60, toda a experiência cênica internacional e foi neste lugar que seria lançado na cultura brasileira o que ficou conhecido como Tropicalismo, estética ligada ao movimento antropofágico de Oswald de Andrade e que influenciou músicos, poetas e outros artistas. A representação desse Tropicalismo se deu no Teatro Oficina com a estréia de O Rei da Vela, em 1967, atuada por outro fundador do Oficina, Renato Borghi. "A dramaturgia bombástica me fazia sentir atuando dentro da raiz e da alma brasileira; nesta peça, o Oswald falava do Brasil de uma forma antropofágica, devorando o que gente tinha de bom e de péssimo. O Oswald pegou o Brasil por todos os lados, devorou-o e depois o cuspiu no palco. E eu assinei em baixo, com sangue, suor e lágrimas..." relembra Borghi.
Atualmente, o maior projeto de Zé Celso é construir um Teatro de Estádio no Bairro do Bixiga em São Paulo, onde também estaria funcionando uma escola para as crianças e moradores do bairro, realizando o antigo vislumbre da Ágora.
O Grupo tem uma trajetória que ultrapassa os limites estéticos, passando por várias formas de interpretação, gestão e arquitetura. Uma das últimas montagens do Oficina foi a adaptação de "Os Sertões", de Euclides da Cunha, para o palco, que recriou a Guerra de Canudos (1896-1897) e apresentada como está no livro, em 3 partes: a Terra, o Homem (I e II) e a Luta (I e II). A peça foi apresentada no Festival de Teatro de Recklinghausen, na Alemanha, e na Volksbühne de Berlim. A saga sertaneja iniciada em 2001, em toda a sua extensão tem 25 horas de encenação, em um dos projetos mais ousados das artes cênicas mundiais.
A montagem da obra de Euclides da Cunha faz referência à resistência do grupo contra o projeto de construção de um shopping center, nos arredores do teatro Oficina, pelo Grupo Silvio Santos. Além de, em todas as peças, fazer uma ponte ironica entre a guerra de Canudos e os acontecimentos do momento, como o Papa Bento XVI, a invasão do Iraque, o mensalão e os ataques do PCC.
Sua última montagem, em 2008, foi "Os Bandidos", baseado na obra "Die Räuber" de Schiller e também abordava a resistência do grupo contra o grupo Silvio Santos.
O novo Oficina, tombado pelo Condephaat em 1982, foi projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi, italiana radicada brasileira, transformando-o em um teatro-pista, com parede de vidro, teto (retratil)móvel, sendo sua arquitetura vencedora da Bienal de Praga em 1999. A mesma arquiteta desenhou dois edifícios emblemáticos na cidade de São Paulo. O famoso prédio do MASP - Museu de Arte de São Paulo, um edifício que parece flutuar no ar, devido seu imenso vão livre e o SESC Fábrica da Pompéia, onde buracos nas paredes nos andares superiores, e passarelas interligando andares, tentam amenizar qualquer sensação de claustrofobia que um edifício numa cidade como São Paulo pode causar.




Fonte: Itaú Cultural

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