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domingo, 6 de março de 2011

Década de 60

O que acontecia?


Teatro no Brasil


Uma vigorosa geração de dramaturgos irrompe na cena brasileira nessa década. Entre eles destacam-se Plínio Marcos, Antônio Bivar, Leilah Assumpção, Consuelo de Castro e José Vicente.
Em 1964 o grupo Opinião entra em atividade no Rio de Janeiro, adaptando shows musicais para o palco e desenvolvendo um trabalho teatral de caráter político. Responsável pelo lançamento de Zé Keti e Maria Bethânia, realiza a montagem da peça Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, de Oduvaldo Vianna Filhoe Ferreira Gullar.
Em 68 Estréia Cemitério de Automóveis, de Arrabal. Este espetáculo e O Balcão, de Genet, ambos dirigidos por Victor Garcia e produzidos por Ruth Escobar, marcam o ingresso do teatro brasileiro numa fase de ousadias cênicas, tanto espaciais quanto temáticas.
A fundação do Centro Popular de Cultura da UNE - CPC, marca o início de uma prática teatral voltada para a revolução social. Enquanto a vertente regionalista atribui ao teatro a tarefa de promover sua popularização, no sentido de ir para onde o povo está e falar sua língua, o teatro revolucionário praticado pelo CPC pretende ensinar ao povo um novo vocabulário, dando a ele uma visão política sobre sua vida. Se o teatro regionalista cultiva a religiosidade por fazer parte da cultura popular, o teatro revolucionário a bane por ser instrumento das classes dominantes para promover a resignação.
O golpe militar de 1964 interrompe a prática do CPC e seus dramaturgos migram para o Grupo Opinião. No final da década de 60, o Teatro de Arena e Opinião serão os responsáveis pelas mais importantes peças e encenações na linha de um teatro brasileiro voltado para os problemas sociais.
No final da década de 60, novo impulso à dramaturgia realista é dado por Plínio Marcos em ''Dois perdidos numa noite suja'' e ''Navalha na carne''. Outros autores importantes são Bráulio Pedroso ''O fardão'' e Lauro César Muniz ''O santo milagroso''. Gianfrancesco Guarnieri (1934- ) nasce em Milão. Participa da criação do Teatro de Arena. ''Eles não usam black-tie'' - história de uma família de operários durante uma greve e suas diferentes posições políticas - é um marco do teatro de temática social. Junto com Augusto Boal monta ''Arena conta Zumbi'', onde são usadas técnicas do teatro brechtiano. Entre suas peças destacam-se também ''Um grito parado no ar'' e ''Ponto de partida''. Trabalha como ator de cinema (Eles não usam black-tie, Gaijin) e de novelas.
 Plinio Marcos (1935-1999 ) nasce em Santos, filho de um bancário. Abandona cedo a escola. Trabalha em diversas profissões - é operário, camelô, jogador de futebol, ator. Em 1967 explode com ''Dois perdidos numa noite suja'' e ''Navalha na carne'', peças que retratam a vida dos marginais da sociedade. Sua temática realista e linguagem agressiva chocam parte do público e fazem com que suas peças sejam freqüentemente censuradas. Após dez anos sem publicar, lança ''A dança final'' em 1994. Vive da venda direta de seus livros e da leitura de tarô.
Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) nasce em São Paulo. Filho do dramaturgo Oduvaldo Vianna, torna-se conhecido como Vianinha. É um dos fundadores do Teatro de Arena e do Grupo Opinião. Suas peças ''Chapetuba F.C.'', ''Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come'', ''Longa noite de cristal'', ''Papa Highirte'' e ''Rasga coração ''o transformam num dos mais importantes dramaturgos brasileiros. ''Rasga coração'', síntese do teatro brasileiro de seu tempo, fica censurada por cinco anos durante o regime militar e só é montada em 1979, após sua morte.






Referências: História do Brasil - Folha de São Paulo
                     Uma Breve História do Século XX - Geiffrey Blainey
                     Panorama do Teatro Brasileiro - Sabato Magaldi

Um comentário:

  1. AmIgooooooooooooooooooooooooooooR!!!

    Adorei sua iniciativa de fazer um blog registrando o teatro brasileiro... Isso tem uma importância histórica fundamental, assim como, também é uma ato político.

    Ainda não consegui ler todo o blog, mas vasculhando numas partes que me interessam mais, como o fim dos anos 50 até os anos 80, senti falta de um grupo imprescindível para História do Teatro Nacional, o TUOV - Teatro Popular União e Olho Vivo, que este ano completa 43 anos de história initerrupta e comprometida em fazer um teatro de cunho estético-social, distanciado dos intersses da burguesia (nacional e internacional) e comprometido com a feitura de um teatro que confronta a história-oficial, subvertendo a ordem e apresentando por meio de suas peças, muitos episódios que a "história" não conta.

    Como diria César Vieira (um dos principais fundadores do grupo), o trabalho do Teatro Popular União e Olho Vivo, se resume na "estética a serviço da ética".

    Tenho um vasto material a respeito deles, foram tema da minha Iniciação Científica na Universidade,podemos conversar sobre.

    Bjins e vamos que vamos!

    Queila Rodrigues
    Cia.do Outro Eu
    Rede Livre Leste

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