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sexta-feira, 4 de março de 2011

Nelson Rodrigues (1912 – 1980)


Nelson Rodrigues nasceu da cidade do Recife -   PE, em 23 de Agosto de 1912, quinto filho dos catorze que o casal Maria Esther Falcão e o jornalista Mário Rodrigues puseram no mundo. 

Em 1920 ocorreu um fato que, depois, se transformou num dos favoritos do escritor: o do concurso de redação na classe. D. Amália passou a lição: cada aluno deveria escrever sobre um tema livre. A melhor redação seria lida em voz alta na classe. Finda a aula, as composições foram entregues. A professora quase foi ao chão com o trabalho de Nelson: era uma história de adultério. O marido chega em casa, entra no quarto, vê a mulher nua na cama e o vulto de um homem pulando pela janela e sumindo na madrugada. O marido pega uma faca e liquida a mulher. Depois ajoelha-se e pede perdão. A redação, apesar do espanto que causou em todo o corpo docente, não tinha como não ser premiada, muito embora não pudesse ser lida na classe. A professora inventou um empate e leu a outra composição. Nesse período, Nelson presenciou grandes discussões entre seus pais, causadas por ciúmes que seu genitor tinha de sua mãe.
Nelson inicia sua carreira jornalística em 29 de Dezembro de 1925, como repórter de polícia, ganhando trinta mil réis por mês. Tinha treze anos e meio, era alto, magro e seus cabelos eram indomáveis. Embora fosse filho do patrão, teve que comprar calças compridas para impor respeito aos colegas de redação.

Em 26 de dezembro de 1929 o jornal estampa matéria, na primeira página, sobre o desquite de Sylvia e José Thibau Jr. Foi a fórmula encontrada para o diário não sair sem assunto, já que era o primeiro dia após o natal. No dia 27, pela manhã, Sylvia entra na redação da Crítica procurando por Mário Rodrigues. Não o encontrando, pede para falar com seu filho Roberto e dá-lhe um tiro no estômago. Nelson viu e ouviu aquilo tudo. Com dezessete anos e quatro meses, era a primeira cena de violência brutal que presenciava. Seu irmão faleceu no dia 29.
Apenas 67 dias após a morte do filho, Mário Rodrigues sofre, aos 44 anos, uma trombose cerebral. Faleceu dias depois de encefalite aguda e hemorragia. 


Começo no Teatro

No meio do ano de 1941 escreveu sua primeira peça, A mulher sem pecado. Nessa época as peças ficavam, no máximo, duas semanas em cartaz. Nelson oferece sua peça para dois grandes artistas de então: Dulcina e Jaime Costa, mas eles a recusam.
Em janeiro de 1943 Nelson escreve sua segunda peça teatral: Vestido de Noiva. Elza, sua mulher, fez mais de vinte cópias datilografadas para serem entregues a jornalistas, críticos e amigos. O primeiro a receber foi Manuel Bandeira. Ele gostou. Como outros, escreveu sobre ela e elogiou. Os jornais e suplementos falavam sobre Vestido de Noiva mas o autor não conseguia encená-la. Todos diziam que era uma peça que exigia cenário complexo e teria custo muito alto. Só Thomaz Santa Rosa, um pernambucano ex-funcionário do Banco do Brasil, cantor lírico, desenhista, músico e poeta, achou que era possível. Falou então com um polonês recém-chegado ao Brasil: Zbigniew Ziembinski. O grande ator e diretor leu a peça e disse: "Não conheço nada no teatro mundial que se pareça com isso".
Anjo negro, estréia em abril de 1948. 
Em 08 de junho de 1953 estréia no Teatro Municipal do Rio a peça "A falecida". Chamada de "tragédia carioca" era, na verdade, uma comédia. Foi escrita em 26 dias.
 "Senhora dos Afogados" é encenada no Rio, em 1954, com direção de Bibi Ferreira. A platéia, ao final, dividiu-se e uma parte gritava "GÊNIO" e a outra "TARADO". O autor não agüentou e reagiu à platéia, gritando do palco: "BURROS! BURROS!".
Perdoa-me por me traíres" teve, também, problemas de liberação com a censura, em 1957 — sofreu cortes.
"Viúva, porém honesta" estreou em 13 de setembro do mesmo ano. Dizem que nela o autor procurava atingir aos críticos que atacaram "Perdoa-me por me traíres".
Em 1958 estréia "Os sete gatinhos"
No final de 1960 o autor entrega a Fernanda Montenegro e a seu marido Fernando Tôrres a peça "Beijo no asfalto". 


Autoria

          Nélson Rodrigues escreveu dezessete peças teatrais. Sua edição completa abrange quatro volumes, divididos segundo critérios do crítico Sábato Magaldi, que agrupou as obras de acordo com suas características, dividindo-as em três grupos: Peças psicológicas, Peças míticas e Tragédias cariocas.

Peças Psicológicas

● A mulher sem pecado - 1941
● Vestido de noiva - 1943
● Valsa nº6 - 1951
● Viúva, porém honesta - 1957
● Anti-nelson Rodrigues - 1974

Peças míticas

● Álbum de família - 1946
● Anjo negro - 1947
● Senhora dos afogados - 1947
● Dorotéia - 1949

Tragédias cariocas I

● A falecida - 1953
● Perdoa-me por me traíres - 1957
● Os sete gatinhos - 1958
● Boca de ouro - 1959

Tragédias cariocas II

● O beijo no asfalto - 1960
● Bonitinha, mas ordinária (Otto Lara Rezende) - 1962
● Toda nudez será castigada - 1965
● A serpente - 1978




Fonte: Itaú Cultural
            Prefácio dos Volumes das Peças de Teatro de Nelson Rodrigues por Sabato Magaldi.

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