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segunda-feira, 7 de março de 2011

LUME (1985)

Grupo fundado por Luis Otávio Burnier junto à Universidade Estadual de Campinas, dedicado a reverberar e ampliar seu campo de pesquisa, identificado com a chamada antropologia teatral, criada e difundida por Eugênio Barba.
Em 1985 juntam-se Luis Otávio Burnier, Denise Garcia, Carlos Simioni e Ricardo Puccetti no estabelecimento do Laboratório Unicamp de Movimento e Expressão, LUME. O grupo encontra, na Unicamp, condições de infra-estrutura para desenvolver uma pesquisa sobre técnicas do ator.
Entre as primeiras criações destacam-se Macário, de Juan Rulfo, de Luis Otávio Burnier e Denise Garcia, direção de Burnier em 1985, assim como Guarani, de Carlos Alberto Soffredini, com a Orquestra Sinfônica de Campinas, em 1986. A primeira realização que efetivamente possui o perfil do projeto dá-se com Kelbilim, o Cão da Divindade, uma edição de textos de Hilda Hilst, realização solo de Carlos Simioni dirigida por Burnier, em 1988. Com H2Olos, de J. P. Kaletrianos, em 1988; Duo Para Piano e Mímica, de Luis Otávio Burnier e Denise Garcia, em 1989; Nostos, em 1990, novamente de J. P. Kaletrianos, e Wolzen, uma adaptação de Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues, em 1991, prosseguem a linha de investigação do grupo.
Num intercâmbio com o Japão, o grupo é dirigido por Natsu Nakaijima, em 1991, um reconhecido mestre de 'butoh', iniciando a reciprocidade e as trocas criativas, tão características da antropologia teatral, com a montagem de Sleep and Reincarnation from the Empty Land. As pesquisas prosseguem, com Valef Ormos, em 1992, e Taucoauaa Panhé Mondo Pé, dois espetáculos de Luis Otávio Burnier. Em 1993 o nome do conjunto é reformulado para LUME - Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais, ano em que a equipe é aumentada, com os atores Renato Ferracini, Raquel Scotti Hirson, Ana Cristina Colla e Jesser Souza, abrindo os experimentos para outros formatos que não os solos e duetos.
Em 1995 a companhia tem seu útimo espetáculo por seu diretor-fundador, Cnossos, de Luis Otávio Burnier, que falece nesse mesmo ano. A criação de Mixórdia em Marcha-Ré Menor utiliza preponderantemente o trabalho de clowns e inclui todos os integrantes do grupo, com direção de Ricardo Puccetti. Seguem-se as produções de Contadores de Histórias, em 1995; Cravo, Lírio e Rosa, em 1996, e uma nova produção internacional - Afastem-se Vacas Que a Vida É Curta - com direção de Anzu Furukawa. Com La Scarpetta o grupo mais uma vez conta com um colaborador, um clown-circense italiano de renome, Nani Colombaioni, realização que une técnicas clownescas e performáticas. Parada de Rua, com direção de Kai Bredholt, leva o grupo a explorar os espaços abertos, em 1998. Café Com Queijo, trabalho baseado na pesquisa antropológica, é criado em 1999, com direção coletiva.  Em 2000, é a vez de Um Dia..., agora com direção de Naomi Silman.
A ênfase sobre a interpretação faz o grupo privilegiar três abordagens: a dança pessoal (o treinamento de cada um), a utilização cômica do corpo (especialmente o trabalho de clowns) e a mimese corpórea (uso da expressividade não-realista), colocando o grupo na linha de trabalho que possui na performance seu eixo mais notório. Segue, mesmo com a ausência de Burnier, os princípios que ele legou: "Se o corpo não é tão somente o corpo, mas corpo-em-vida, então ele é o canal por meio do qual o ator entra em contato com aspectos distintos de seu ser gravados em sua memória. O corpo não tem memória, ele é memória, como disse Grotowski. Trabalhar um ator é, sobretudo e antes de mais nada, preparar seu corpo não para que ele diga, mas para que ele permita dizer. Não mostrar o que ele é, mas revelar o que, por meio dele, se descobre ser. Ser artista é antes de mais nada se predispor a revelar. A revelação pede generosidade e coragem".
O LUME visita diversas cidades e Estados do Brasil, países da América do Sul e do Norte e Europa, sempre combinando apresentações de espetáculos, workshops, demonstrações técnicas e palestras sobre seu método de treinamento e representação. Como atividades de reciclagem e intercâmbio, o grupo participa da International School of Theatre Anthropology, ISTA, na França, Itália e Brasil; do Irvine Work Session com Jerzy Grotowski nos Estados Unidos; do International Seminar Research on Actor´s Technique na Dinamarca, Itália e Brasil.
O LUME também orienta o trabalho de vários profissionais (indivíduos ou  grupos) pelo Brasil, além de manter em suas dependências estágios periódicos de treinamento técnico para atores e para aperfeiçoamento de clowns. Além de teses acadêmicas e outras atividades ligadas à Unicamp, o LUME edita semestralmente a Revista do LUME.


Espetáculos


● 1985 - Campinas SP - Macário
● 1985 - Campinas SP - Nosotos
● 1986 - Campinas SP - Guarani
● 1988 - Campinas SP - H2Olos
● 1988 - Campinas SP - Kelbilim, o Cão da Divindade
● 1989 - Campinas SP - Duo Para Piano e Mímica
● 1991 - Campinas SP - Valef Ormos
● 1991 - Campinas SP - Wolzen
● 1991 - Campinas SP - Sleep and Reincarnation from the Empty Land
● 1991 - Campinas SP - Tancoauaa Panhé Mondo Pé
● 1995 - Campinas SP - Cnossos
● 1995 - Campinas SP - Anoné
● 1995 - Campinas SP - Mixórdia em Marcha-Ré Menor
● 1995 - Campinas SP - Contadores de Estórias
● 1996 - Campinas SP - Cravo, Lírio e Rosa
● 1997 - Campinas SP - Afastem-se Vacas Que a Vida É Curta
● 1997 - Campinas SP - La Scarpetta
● 1998 - Campinas SP - Parada na Rua
● 1998 - Campinas SP - Parada Musical
● 1999 - Campinas SP - Café com Queijo
● 2000 - Campinas SP - Um Dia...
● 2004 - Campinas SP - O Não-Lugar de Ágada Tchainik
● 2004 - (Alemanha) - Shi-Zen, 7 Cuias
● 2006 - São Paulo SP - O Sopro
● 2006 - São Paulo SP - O que Seria de Nós sem as Coisas que Não Existem




Fonte: Itaú Cultural

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