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segunda-feira, 7 de março de 2011

Luís Alberto de Abreu (1952)

Luís Alberto de Abreu (São Bernardo do Campo SP 1952). Dramaturgo. Dotado de grande inventividade, transita com desenvoltura entre temas, estilos e proposições cênicas, representante da tendência de escrever em colaboração junto a grupos e encenadores .
Após formar-se em jornalismo, Luís inicia-se no teatro na região do ABC paulista, integrando grupos amadores. Seu primeiro texto, lançado em circuito profissional é Foi Bom, Meu Bem?, direção de Ewerton de Castro para o Grupo de Teatro Mambembe, em 1980. O mesmo conjunto encena, no ano seguinte, Cala Boca já Morreu, com direção de Ednaldo Freire. Já aqui se exprime um traço de sua personalidade criadora: a criação coletiva, escrevendo próximo às opiniões, sugestões ou discussões com as equipes. Em 1982, com Bella Ciao, texto sobre a saga da imigração italiana e o movimento anarquista no Brasil, com encenação de Roberto Vignati, Abreu atinge a maturidade no domínio expressivo, amplamente reconhecido pela crítica. Em Círculo de Cristal envereda por um diálogo intimista entre duas mulheres; e com Sai da Frente que Atrás Vem Gente, direção de Mário Masetti, realiza um musical satírico.
Em 1985, Osmar Rodrigues Cruz encomenda-lhe O Rei do Riso, musical que recebe grande produção no Teatro Popular do Sesi, TPS, centrado sobre a vida do ator Vasques. Escreve, a seguir, Lima Barreto, ao Terceiro Dia, uma de suas mais sólidas criações, fundindo os planos da memória, do passado e da ficção ao abordar a vida e a obra do discutido escritor modernista. A complexidade estilística da peça faz com que ela só chegue aos palcos dez anos depois, numa encenação de Aderbal Freire Filho, efetivada em 1995.
Convidado a ser dramaturgo residente do Centro de Pesquisa Teatral, CPT, Abreu ali escreve dois textos: Rosa de Cabriúna, em 1986, dirigido por Márcio Medina, abordando temas e personagens nordestinos, e Xica da Silva, encenado por Antunes Filho em 1988, ambos em espetáculos não inteiramente bem-sucedidos. Em 1990 produz uma ambiciosa versão tropical da Divina Comédia, denominada A Guerra Santa. A encenação barroca de Gabriel Villela, destacando Beatriz Segall como protagonista, estréia em 1993 no London International Festival of Theatre, LIFT. Em 1992, escreve O Rei do Brasil, livre invenção de mitos e figuras da história paulistana, irreverente contraste com os tempos contemporâneos.
Com Ednaldo Freire e a Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes, o dramaturgo participa de um sólido projeto de comédias, primariamente destinado a um circuito de trabalhadores e sindicatos, mas que encontra, nos teatros comerciais, ampla receptividade. Pesquisando as raízes da comicidade brasileira, desde Martins Pena a Artur Azevedo, com aportes na commedia dell'arte e Mikhail Bakthin, Abreu elabora textos dotados de alta comunicabilidade: Ladrão de Mulher, 1987; O Parturião, 1995; O Anel de Magalão, 1995; Burundanga ou A Revolução do Baixo Ventre, 1996; Iepe, 1998; Till Eulenspiegel, 1999; e Nau dos Loucos, 2000; as três últimas aproveitando lendas européias.
Em 1995 empreende, juntamente com o Teatro da Vertigem de Antônio Araújo, uma adaptação cênica para o episódio bíblico do O Livro de Jó. A montagem, realizada num hospital, transmite toda a dor e angústia do homem contemporâneo frente às pestes que não consegue controlar, sucumbido a um poder maior. Saudada no Brasil e no exterior, a montagem consagra definitivamente o autor.
Para o grupo Zabelê, produz Bar, Doce Bar, em 1996, reunião de um grupo de amigos de diferentes idades que refletem sobre suas relações com as mulheres, atingindo ótimos resultados.
Em 2002 surge nova dobradinha do dramaturgo com o diretor Ednaldo Freire. Para a Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes escreve Auto da Paixão e da Alegria, texto que reconta a universal história da morte e ressurreição de Cristo sob a perspectiva da cultura popular, espetáculo de grande repercussão. No mesmo ano, encena A Nau dos Loucos - Stultífera Navis, sobre o barco que, no Renascimento, recolhe os loucos das aldeias, mantendo-os trancafiados e à deriva, com o objetivo de "purificá-los”.
Em 2003 faz a dramaturgia para o diretor Luis Carlos Vasconcellos em Porti-Nari: A Ópera, uma incursão na infância do famoso pintor, e escreve, especialmente para o ator Antonio Petrin, Merlin, uma releitura do mito, com direção de Roberto Lage.
Alguns inéditos e textos mais circunstanciais completam o rol das criações de Luís Alberto de Abreu até o momento, dentro de uma produção constante que o destaca como um dos mais expressivos artistas de sua geração.
Luis Alberto de Abreu é também um difusor do ensino e sistematização da dramaturgia, tendo sido um dos idealizadores da Escola Livre de Teatro de Santo André, em 1991, no qual segue como um dos professores, coordenando o núcleo de dramaturgia. Também colabora em cinema, é co-autor do roteiro de Kenoma, 1998, com a diretora Eliane Caffé, dupla que retorna em Os Narradores de Javé, 2004.
Para o crítico Alberto Guzik: "Luís Alberto de Abreu é dos poucos dramaturgos que têm resistido ao esmagador predomínio do visual no teatro. Produz um teatro crítico, apoiado no racionalismo, onde as idéias levam a melhor sobre as formas. E, apesar dessa opção pouco 'moderna', tem sido encenado com mais freqüência que a maioria de seus colegas. Rei do Brasil, como todos os outros textos de Abreu, resultou de um longo processo de elaboração e pesquisa. Situações e personagens tem um vigor que falta a outros dramaturgos da geração anterior do escritor”.

Autoria

● 1987  - Ladrão de Mulher
● 1988  - Xica da Silva
● 1990  - O Homem Imortal
● 1992  - O Rei do Brasil
● 1992 – Grande Sertão
● 2004  - Eh, Turtuvia!
● 2004  - Till Eulenspiegel
● 2006  - Memória das Coisas
● 2007 – Západ – A tragédia do poder
● 2007 – Lúdico circo da memória




Fonte: Itaú Cultural

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