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domingo, 6 de março de 2011

Jorge Andrade (1922 – 1984)

Aluísio Jorge Andrade Franco (Barretos SP 1922 - São Paulo SP 1984). Autor. Um dos mais expressivos dramaturgos paulistas e brasileiros, retrata com funda verdade e grande poesia cênica diversos panoramas da vida ligada à herança cafeeira; dedicando-se, posteriormente, a temas contemporâneos a sua época e ligados à vida metropolitana .
Jorge conclui sua formação como dramaturgo na Escola de Arte Dramática - EAD, em 1954. Seu primeiro texto é O Faqueiro de Prata, em 1951. No mesmo ano, escreve O Telescópio, dirigido por Paulo Francis, no Rio de Janeiro, com o elenco da Companhia Dramática Nacional - CDN, em 1957. Ao invés das longas distâncias, esse telescópio aponta para as regiões da memória do autor, ao enfocar rastos de seu passado e figuras que bem conhecia.
Filho de fazendeiros e tendo vivido a cultura do meio rural, o autor trará para a cena profundas observações desse universo, especialmente sua derrocada e adaptação ao meio urbano, fonte dos conflitos que atravessam a maior parte de suas criações, como A Moratória, encenada, em 1955, por Gianni Ratto para a companhia de Maria Della Costa, espetáculo que lança a jovem Fernanda Montenegro.

Pedreira das Almas, retratando o período do esgotamento da exploração aurífera em Minas Gerais, durante a Revolução de 1842, sobe à cena em 1958, numa direção de Alberto D'Aversa para o Teatro Brasileiro de Comédia, TBC.  O mesmo conjunto será responsável por algumas das mais expressivas criações do autor, como A Escada, em 1961, numa encenação de Flávio Rangel; Os Ossos do Barão, em 1963, com direção de Maurice Vaneau e, no ano seguinte, Vereda da Salvação, encenação de Antunes Filho, de 1964. Pela importância dessa realização em sua obra, o mesmo encenador voltará a colocá-la no palco, reformulada e revista, em 1993, com o Centro de Pesquisas Teatrais, CPT.

Em 1969, surgem duas novas realizações do autor: As Confrarias, em que flagra a vida das estratificadas sociedades eclesiásticas de Vila Rica, tomadas como metáforas da pouca mobilidade social, tendo como pano de fundo o ambiente do Brasil Colônia; e O Sumidouro, na qual põe em cena o dramaturgo Vicente e o bandeirante Fernão Dias. Ambas, pelas exigências cenotécnicas e grande elenco, nunca foram encenadas profissionalmente.
A ditadura não deixa de inspirar o autor: para a Primeira Feira Paulista de Opinião escreve A Receita, encenação de Augusto Boal, em 1968; e em 1977 lança Milagre na Cela, proibida pela Censura, porque exibe o estupro praticado por um delegado, além da violência dos torturadores durante as sessões de sevícias de uma freira. Baseada em fatos reais, o texto somente conseguirá subir à cena em 1981, numa encenação carioca do grupo Barr. Também em 1981, Jorge escreve um dos elos-atos da peça A Corrente, sendo que os outros dois são de Consuelo de Castro e Lauro César Muniz, para um espetáculo com Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça, enfocando três casais entrelaçados por uma trama em comum.
Considerado um clássico da dramaturgia moderna, Jorge Andrade é objeto de diversas teses acadêmicas e ensaios que investigam aspectos inovadores de sua grande e diversificada obra.

Autoria

● 1951 – O faqueiro de prata
● 1951 - O telescópio
● 1952 – As colunas do templo
● 1955 – A moratória
● 1958 – Pedreira das almas
● 1958 – Os crimes permitidos
● 1960 – Os vínculos
● 1960 – A escada
● 1962 – Os ossos do barão (Sua única comédia)
● 1962 – O incêndio
● 1963 – Senhora boca do lixo
● 1964 – Vereda da salvação
● 1966 – Rasto atrás
● 1967 – Lua minguante na rua 14
● 1968 – A receita
● 1969 – As confratórias
● 1969 – O sumidouro
● 1972 – O mundo composto
● 1978 – A zebra
● 1978 – A loba
● 1977 – Milagre na cela
● 1981 – A corrente pra frente
● 1986 – Marta
● 1986 – A arvore
● 1986 – O relógio


Fonte: Itaú Cultural

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