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segunda-feira, 7 de março de 2011

Teatro Popular União e Olho Vivo (1973)

Voltemos um pouquinho no tempo. Atendendo já a pedidos de minha querida amiga Senhorita Kill, vulgo Queila com Q, isso mesmo com Q, taí um pouco do Teatro Poular União e Olho Vivo.


Grupo independente dedicado à arte popular e à produção de espetáculos para circuito de periferia; nasce no ambiente universitário e agrega grande número de participantes originários das classes populares.
Formado como Teatro do Onze, no Centro Acadêmico 11 de Agosto da Faculdade de Direito do Largo São Francisco da Universidade de São Paulo, USP, em 1970, com a encenação de O Evangelho Segundo Zebedeu, direção de Silnei Siqueira para um musical de César Vieira -  seu principal líder desde então -, utiliza um circo montado no Parque Ibirapuera nas suas apresentações. Remanescentes dessa primeira experiência fundem-se com outros, originários do Grupo Casarão, para a montagem seguinte, Rei Momo, espetáculo concebido como desfile de escola de samba, em 1973. O afastamento da instituição universitária e a denominação União e Olho Vivo ocorrem nesse período e marca a itinerância como seu perfil mais proeminente. Entre os mais antigos participantes estão César Vieira (Idibal Almeida Pivetta, advogado), Neriney Evaristo Moreira, José Maria Giroldo e Ana Lúcia Silva. Na época, dezenas de integrantes já circularam pelo grupo e não é raro integrarem à trupe espectadores mais empolgados que decidem acompanhá-la.
Em 1978, lançam Bumba Meu Queixada, novo texto supervisionado por César Vieira estruturado sobre folguedo do boi-bumbá que tem a greve como tema. Somente em 1984 surge Morte aos Brancos - A Lenda de Sepé Tiaraju, ambientado nas Missões e enfocando o massacre dos índios guarani em episódio histórico de resistência cultural. Barbosinha Futebó Crubi - Uma História de Adonirans desenvolve-se em torno do futebol e do ambiente musical do compositor Adoniran Barbosa, lançado em 1991. Um novo trabalho, em 1996, Us Juãos e Os Magalis desenrola-se em torno de uma revolta popular ocorrida na Bahia no período da colonização. Em 2000 estréia A Revolta da Chibata, que destaca o negro João Cândido como herói popular.
Além do teatro, o União e Olho Vivo dedica-se à música, com diversos shows no seu repertório. Percorre, na sua longa existência, um sem-número de locais na periferia de São Paulo e em municípios próximos; apresenta-se em locais como sindicatos, salões paroquiais, quadras de escolas de samba, escolas, praças públicas e outros. Muitas viagens para o exterior e participações em festivais tornam a iniciativa conhecida, quer na Europa, quer na América Latina, amealhando prêmios e distinções.
Ao avaliar a situação do grupo, o crítico Oswaldo Mendes assinala: "Das experiências que vem sendo realizadas de um teatro de periferia (urbana e econômica) uma das mais significativas é a do Teatro União e Olho Vivo. Um grupo que se disponha a fazer teatro popular precisa carregar a crença no trabalho em si, com todas as dificuldades de se manter à margem ou apesar dos auxílios e colaborações que recebe. (...) E sua importância está no quase anonimato com que presta um dos serviços mais urgentes não apenas para o teatro mas para toda nossa periferia urbana e econômica, propositadamente marginalizada do processo cultural”.
Com freqüência recorrendo ao folclore para ambientar enredos, o grupo procura evidenciar um foco de conflito entre o povo e elites governantes, com a marcação de contrapontos e a sugestão de organização popular como alternativa de sobrevivência. Desenvolve técnicas de criação coletiva (aqui chamadas de trabalho coletivo), cria uma estética própria e de assegurada comunicação com suas platéias.
O crítico Jefferson Del Rios destaca a segurança artística do conjunto: "O grupo União e Olho Vivo, ao longo de uma década, depurou seus meios expressivos, descobriu soluções práticas para um teatro materialmente pobre. O resultado é visível na comunicação imediata com a platéia. Todos os encantos circenses-teatrais estão presentes: cores, roupas, truques; e a eles se acrescenta a visão crítica da sociedade. A sutileza na discussão de igual para igual com o espectador. O Teatro União e Olho Vivo faz intervenção artística e política amadurecida, bonita e comovedora”.

Espetáculos

● 1967 - São Paulo SP - Corinthians, Meu Amor
● 1973 - São Paulo SP - O Evangelho Segundo Zebedeu
● 1973 - São Paulo SP - Rei Momo
● 1978 - São Paulo SP - Bumba, Meu Queixada
● 1981 - São Paulo SP - América, Nossa América
● 1984 - São Paulo SP - Morte aos Brancos - A Lenda de Sepé Tiaraju
● 1991 - São Paulo SP - Barbosinha Futebó Crubi - Uma História de Adonirans
● 1996 - São Paulo SP - Os Juãos e Us Magalís - Uma Chegança de Marujos
● 1999 - São Paulo SP - O IPTU que Apita
● 2000 - São Paulo SP - Brasil Quinhentão!??
● 2001 - São Paulo SP - João Cândido do Brasil - A Revolta da Chibata





Fonte: Itaú Cultural

Um comentário:

  1. Nossa vida é um palco onde sempre temos que fazer com que a cada dia esteja sempre iluminado:refletir.bjs

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